Ministério Público cobra explicações do Banco do Brasil sobre negócio bilionário
Procurador quer saber por que banco dispensou opinião externa para respaldar investimento de R$ 2,3 bilhões no Banco Postal. Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública sobre o assunto
O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, encaminhou na quinta-feira (15) ofício ao presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em que solicita informações sobre a participação do BB na exploração de serviços bancários do Banco Postal, vinculado aos Correios. Na edição desta semana, ÉPOCA revelou que o BB ganhou o leilão, em maio, com uma oferta de R$ 2,3 bilhões, sem a contratação de uma opinião externa, denominada "fairness opinion" (opinião justa), para respaldar o negócio. O parecer é importante para quantificar o valor de um determinado negócio e salientar riscos para os acionistas da empresa. A partir de 2 de janeiro, o Banco do Brasil terá o controle do Postal por cinco anos.
Segundo o ofício, o procurador estabelece o prazo de 30 dias para Bendine encaminhar ao Ministério Público cópias de estudos e pareceres que fundamentaram a decisão do banco de participar do leilão promovido pelos Correios. Oliveira também cobra explicações a Bendine sobre a opção de o BB não ter contratado uma opinião externa especializada nesse caso, ao contrário do que ocorreu na aquisição de participações nos bancos Nossa Caixa, Votorantim, Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e Patagônia (argentino). “As informações requisitadas devem vir necessariamente acompanhadas da devida documentação comprobatória, em meio físico ou digital”, diz o ofício. Em nota, o Banco do Brasil afirmou: “Caso o BB seja oficiado, responderá nos termos da lei”.
Numa reunião realizada no Banco do Brasil um dia antes do leilão do Postal, os executivos do banco decidiram que contratariam uma "fairness opinion" caso o BB vencesse o leilão. Bendine afirmou a ÉPOCA que houve uma falha do banco ao redigir a ata da reunião do conselho diretor. “Não era para constar o termo 'fairness opinion'. Apenas o termo 'assessoria especializada'", diz. O objetivo principal da contratação dessa assessoria, de acordo com o BB, seria auxiliar na implantação do Plano de Negócios do Banco Postal. No ofício encaminhado a Bendine, o representante do Ministério Público também solicita informações sobre eventual contratação de uma opinião externa pelo Banco do Brasil após a realização do leilão.
Nos próximos dias, Bendine será convidado a participar de audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre o negócio bilionário. Requerimento dos deputados federais tucanos Duarte Nogueira e Vanderlei Macris (SP) para a realização da audiência foi aprovado no começo da semana. A comissão precisa definir a data da audiência e saber se Bendine aceitará o convite. Em nota, o Banco do Brasil afirmou: “quando o convite chegar oficialmente, o Banco do Brasil prestará as informações solicitadas”.
Fonte: Época
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