terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ministério Público cobra explicações do Banco do Brasil sobre negócio bilionário

Procurador quer saber por que banco dispensou opinião externa para respaldar investimento de R$ 2,3 bilhões no Banco Postal. Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública sobre o assunto

MURILO RAMOS

O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, encaminhou na quinta-feira (15) ofício ao presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em que solicita informações sobre a participação do BB na exploração de serviços bancários do Banco Postal, vinculado aos Correios. Na edição desta semana, ÉPOCA revelou que o BB ganhou o leilão, em maio, com uma oferta de R$ 2,3 bilhões, sem a contratação de uma opinião externa, denominada "fairness opinion" (opinião justa), para respaldar o negócio. O parecer é importante para quantificar o valor de um determinado negócio e salientar riscos para os acionistas da empresa. A partir de 2 de janeiro, o Banco do Brasil terá o controle do Postal por cinco anos.
Segundo o ofício, o procurador estabelece o prazo de 30 dias para Bendine encaminhar ao Ministério Público cópias de estudos e pareceres que fundamentaram a decisão do banco de participar do leilão promovido pelos Correios. Oliveira também cobra explicações a Bendine sobre a opção de o BB não ter contratado uma opinião externa especializada nesse caso, ao contrário do que ocorreu na aquisição de participações nos bancos Nossa Caixa, Votorantim, Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e Patagônia (argentino). “As informações requisitadas devem vir necessariamente acompanhadas da devida documentação comprobatória, em meio físico ou digital”, diz o ofício. Em nota, o Banco do Brasil afirmou: “Caso o BB seja oficiado, responderá nos termos da lei”. 
 
NEGÓCIO POLÊMICO Propaganda do Banco Postal numa agência dos Correios, em São Paulo. Três empresas foram procuradas para fazer avaliação pós-leilão, mas nenhuma topou (Foto: Mateus Bruxel/Folhapress)
Numa reunião realizada no Banco do Brasil um dia antes do leilão do Postal, os executivos do banco decidiram que contratariam uma "fairness opinion" caso o BB vencesse o leilão. Bendine afirmou a ÉPOCA que houve uma falha do banco ao redigir a ata da reunião do conselho diretor. “Não era para constar o termo 'fairness opinion'. Apenas o termo 'assessoria especializada'", diz. O objetivo principal da contratação dessa assessoria, de acordo com o BB, seria auxiliar na implantação do Plano de Negócios do Banco Postal. No ofício encaminhado a Bendine, o representante do Ministério Público também solicita informações sobre eventual contratação de uma opinião externa pelo Banco do Brasil após a realização do leilão. 
Nos próximos dias, Bendine será convidado a participar de audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre o negócio bilionário. Requerimento dos deputados federais tucanos Duarte Nogueira e Vanderlei Macris (SP) para a realização da audiência foi aprovado no começo da semana. A comissão precisa definir a data da audiência e saber se Bendine aceitará o convite. Em nota, o Banco do Brasil afirmou: “quando o convite chegar oficialmente, o Banco do Brasil prestará as informações solicitadas”.

Fonte: Época

Nenhum comentário:

Postar um comentário