segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Número de mortes no trânsito sobe em média 30% durante o fim do ano Minas Gerais, que concentra as rodovias mais letais do Brasil, ficou em 13º lugar da classificaçãio de pior do país

Larissa Leite
Correio Braziliense



Acidente na Avenida Antônio Carlos em BH neste fim de semana (Juarez Rodrigues/ EM/ DA PRESS)
Acidente na Avenida Antônio Carlos em BH neste fim de semana
 
Para ir de uma cidade a outra do Brasil, 96% dos passageiros se deslocam pelas rodovias, de acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A malha rodoviária, no entanto, abriga um risco que atinge não apenas os viajantes, mas também os pedestres: a cada ano, aumenta em 8,5% o número de acidentes. De 2004 a 2010, o crescimento chegou a 60%. Apenas no ano passado, foram 183,3 mil — 7 mil dos quais com mortes. As ocorrências de trânsito letais — a maioria colisões frontais e atropelamentos — ainda se concentram, proporcionalmente, em apenas quatro rodovias federais: a BR-381, a BR-116, a BR-040 e a BR-101. Elas registraram juntas, em 2010, 2.792 ocorrências fatais, que resultaram em 3.359 mortes no trânsito. De acordo com a PRF, o nível de periculosidade dessas pistas se mantém constante e, portanto, transitar por elas exige atenção redobrada especialmente neste mês, quando o fluxo de veículos aumenta em função das comemorações que marcam o fim do ano.

Ainda não é possível confirmar se o número de acidentes nas rodovias federais em 2011 é relativamente maior do que o observado no ano passado. Isso porque, segundo o chefe do Núcleo de Estatística da PRF, inspetor Stênio Pires, o número de acidentes em dezembro pode ser pelo menos 20% maior do que a média registrada no restante do ano — o de mortes 30%. “Em dezembro, existe a soma de duas das maiores festas do país. Além disso, tem mais dinheiro circulante entre a população. Ou seja, com mais festas e mais dinheiro, as pessoas viajam mais. O registro de acidentes e mortes é sempre maior.”

Além do fluxo

O grande número de veículos não é o único fator apontado para a ocorrência de acidentes. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), as condições de tráfego nas rodovias brasileiras contribuem para as tragédias. O relatório Pesquisa CNT de Rodovias 2011, divulgado no fim de outubro, revela que 57,4% das rodovias federais estão em condições classificadas como péssima, ruim ou regular. Os critérios utilizados para a análise foram a pavimentação, a sinalização e a geometria da via. O estudo também destaca o aspecto econômico dos acidentes. De acordo com a CNT, em 2010, foram perdidos R$ 14,1 bilhões em acidentes rodoviários nas vias federais policiadas — o montante representa 0,4% do PIB de 2010, volume superior ao total investido em infraestrutura de transporte no mesmo ano. Os custos associados aos acidentes incluem, por exemplo, atendimentos hospitalares, os danos materiais aos veículos e os processos judiciais.

“O percentual da malha rodoviária com um grau de deficiência ainda é muito grande. Existe o problema da manutenção da malha e o resultado são rodovias mal dimensionadas”, reforça o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. O diretor afirma ainda que esses resultados acontecem mesmo em detrimento do crescimento dos gastos nas rodovias federais — no ano passado, esse investimento foi de R$ 10,9 bilhões, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Seis anos antes, ficou em R$ 1,3 bilhões (veja gráfico). “O problema é que, no ano em que o governo mais consegue investir, não existem melhorias nas condições das rodovias. É sinal de que o investimento já está se demonstrando insuficiente e a falta desse investimento está gerando penalidades, que é o numero absurdo de acidentes e mortes nas rodovias”, aponta Batista. Segundo o estudo divulgado pela CNT, o número de pontos críticos — buracos grandes, erosão na pista, pontes caídas e quedas de barreiras — aumentou de 109 para 219, de 2010 para este ano.

De acordo com o Dnit, no entanto, não seria possível relacionar diretamente os indicadores de investimento e de acidentes. Por meio da assessoria de imprensa, o órgão informou que o “aumento da frota” de veículos é uma das explicações para o registro crescente das ocorrências. “Baseado nas informações contidas nos boletins da PRF, menos de 1% dos acidentes têm como causa os problemas da rodovia. As principais causas estão ligadas a imperícia, imprudência e problemas mecânicos.” A PRF confirmou que, em 2010, o “defeito na via” foi considerado responsável por 1,32% dos acidentes e por 1,02% das mortes.

DF tem a quinta pior estrada

No Distrito Federal, 51% das rodovias estão em condições desfavoráveis, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2011, que analisou 407km (41,8% das rodovias federais e estaduais pavimentadas do DF). A rodovia entre Brasília e Palmas (TO) foi considerada a quinta pior do país. Quanto aos investimentos federais em rodovias no período 2003-2010, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram os estados que receberam o maior montante acumulado. Avaliada a destinação de recursos em relação à malha existente, o maior beneficiado foi o Acre, com R$ 174,8 mil/km. No DF foi de R$ 107,5 mil/km enquanto Minas Gerais, que concentra as rodovias mais letais do país, fica com R$ 72,7 mil/km, 13º lugar.
 
Fonte: EM

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