Cemaia atendeu 498 casos no ano passado.
Ocorrências vão desde tentativas de abuso sexual ao fato consumado.
Vítima de abuso, criança de 6 anos toma
antibióticos (Foto: Reprodução/TV Integração)
antibióticos (Foto: Reprodução/TV Integração)
O número de vítimas de estupro de vulnerável cresceu quase 65% no ano passado em relação ao ano anterior, em Uberlândia. Em 2011, o Centro Municipal de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Cemaia), que concentra as ocorrências dos três Conselhos Tutelares, da Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente e da Promotoria da Infância e Juventude, atendeu 498 famílias. Em 2010 foram 302. Os casos vão desde tentativas de abuso sexual ao fato consumado.
A secretária de Desenvolvimento Social e Trabalho, Iracema Barbosa Marques, atribui o aumento ao maior número de denúncias. “As pessoas estão se conscientizando mais da necessidade de denunciar. Infelizmente, muitos responsáveis ainda escondem por medo de contar ou para proteger o parceiro. Para mudar essa realidade contamos unicamente com a consciência das pessoas”, disse. De acordo com Iracema, a maior incidência é entre crianças de até 12 anos de idade e, em casos mais complexos, é feito encaminhamento a outros especialistas.
Secretária diz que a maior incidência é entre crianças
de até 12 anos (Foto: Reprodução/TV Integração)
de até 12 anos (Foto: Reprodução/TV Integração)
Uma empregada doméstica passou por esse drama com a filha de seis anos. Recentemente, a criança sofreu abuso sexual de um pedreiro, amigo da família. "Minha vizinha viu o moço saindo de uma construção ao lado da casa dela e logo em seguida viu minha menina saindo também. Ele estava de capacete para não ser reconhecido, mas ele usava uma roupa bem marcante, listrada. Minha vizinha conversou com a menina e viu que havia algo errado e chegou até mim. Logo em seguida eu conversei com a minha menina e ela foi me contando o que aconteceu". A mãe deixou o trabalho para cuidar da filha que está à base de antibióticos fortes contra possíveis doenças.
Somente em 2012, 10 inquéritos foram instaurados na Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente da cidade. Para a delegada Lia Valechi, a demora em denunciar pode acarretar em mais prejuízos à criança. “Até o fato chegar ao conhecimento das autoridades a criança pode ter sido violentada várias vezes. Isso deixa marcas irreparáveis”, comentou.
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De acordo com o promotor Daniel Martinez, há casos de a criança tentar contar para a mãe, mas é barrada pelo fato de a responsável não acreditar na versão do filho. Ele acredita que o número de casos podem ser ainda maior. “Esse tipo de crime não tem estatística real, porque a maior parte fica sem apuração. Acontece durante anos e ninguém fica sabendo. Muitas vezes, os atos não deixam vestígios, mas a palavra da vítima é mais importante”, disse. O promotor afirmou ainda que a pena para acusados desse tipo de crime pode chegar a 20 anos de detenção.
Para a psicóloga Marcioníla Rodrigues da Silva Brito, é fundamental perceber o comportamento do filho. Quando a criança ou adolescente ficar envergonhada na presença de determinada pessoa pode ser indício de abuso sexual. “Se essa criança não quer ficar na presença de determinada pessoa, não quer sair de casa ou se apresentar baixo rendimento na escola, são indícios de que ela pode ser vítima de violência sexual”, explicou.
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